Uma doce energia para o futuro






O tiramisù, famoso doce italiano, agita o circuito virtual com a Tiramisù Global Marathon, no final deste mês. Adiada pela pandemia, a Tiramisù World Cup ainda aguarda definição de nova data, enquanto a Tiramisù Academy é criada para resguardar a cultura do doce.

Texto: Roberta Gonçalves
Fotos: Gillo Brunisso, Divulgação.




Do sofá, 25/11/2020


Este ano não foi fácil. Teve pandemia, escassez hídrica e desastres ambientais que tiraram o sono (e as energias) da população mundial. Para repor esse déficit, muita gente aposta em meditação e superenergéticos. Mas que tal um tiramisù? Diz a lenda que a potente composição desse doce – com ovos, café e cacau, entre outros itens – funciona como uma verdadeira “turbina de energia” para o corpo. Na Itália, país onde foi criada, essa sobremesa já agita competidores do mundo todo, há quatro anos, com a Tiramisù World Cup – TWC, uma competição para amadores. Já para resguardar a cultura do doce, surgiu a Tiramisù Academy, no ano passado.







Devido à pandemia, a edição deste ano da Tiramisù Wolrd Cup, que acontece sempre no início de novembro, precisou ser adiada. Sem se deixar abater, os italianos não se renderam e lançaram a Tiramisù Global Marathon, um evento 100% digital que vai reunir “tiramisù lovers” do mundo todo, no dia 29 de novembro. Serão oito horas ininterruptas de transmissão ao vivo por plataforma digital. Vários países vão participar, inclusive o Brasil, entre 10h e 11h (horário de Brasília). O evento é organizado pela Tiramisù World Cup (TWC) em parceria com a Tiramisù Academy, buscando arrecadar fundos em uma campanha para a recuperação de Veneza. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site da Tiramisù Academy. Os três vencedores da competição, além de ganharem reconhecimento internacional com suas receitas amplamente divulgadas por todos os canais da TWC, estarão isentos de taxa de inscrição para a próxima edição da Tiramisù World Cup. A transmissão poderá ser acompanhada pelo Facebook da TWC







Divulgação.








Francesco Redi, CEO da Tiramisù World Cup, está animado com a maratona digital: “Já estão confirmados participantes do Reino Unido, França e Bélgica, bem como do Brasil e obviamente da Itália”. Ele acredita que seja uma ocasião importante para manter unida a grande comunidade de entusiastas da sobremesa.








Tiramisù tem origem disputada e teria chegado ao Brasil com imigrantes






Várias regiões da Itália disputam entre si o título de “berço” da sobremesa. Dentre as teorias de nascimento do tiramisù, especula-se que tenha surgido no final do século XVI, para receber o Duque da Toscana, Cosme II de Médicis, quando esteve em Siena. As regiões do Friuli e do Piemonte também reivindicam sua “paternidade” sobre a receita. Mas o mais provável é que tenha surgido mesmo em Treviso, na região do Vêneto. De Treviso, do restaurante Le Beccherie, de Roberto Linguanotto, teria saído a versão original do tiramisù que conhecemos hoje, em meados do século XX.







Andrea Ciccolella, campeão mundial 2017, e Roberto Linguanotto, Le Beccherie. Divulgação.







Feita de ovos, açúcar, cacau, biscoitos savoiardi, café e mascarpone (um queijo cremoso italiano), seu alto potencial energético dá margem a outras possibilidades de surgimento. Para alguns, o tiramisù teria sido criado no orfanato de uma pequena cidade italiana, para dar energia às crianças. Uma teoria mais “picante” afirma que o doce teria o poder de “apimentar” os encontros amorosos, devido a suas propriedades afrodisíacas, fazendo com que as mulheres de Veneza o servissem a seus amantes. O fato é que sua “vocação energética” é comprovada pela própria decomposição da palavra que, em italiano, resulta na expressão “tirami sù”, ou seja, “puxa-me para cima” ou “levanta-me”.







Ingredientes como café, cacau e ovos dão ao tiramisù um alto potencial energético. Divulgação.




No Brasil, o tiramisù teria sido trazido por imigrantes italianos, em 1870, alguns anos após a unificação da Itália, em 1860. De lá pra cá, a apreciação do mundo pelo doce só aumentou, sobretudo, na pátria onde nasceu. Dados do Google Trends dão conta de que, na Itália, a receita do Tiramisù foi a segunda mais procurada em 2018, inclusive, sendo a preferida do papa Bento XVI. No mesmo ano, uma equipe de confeiteiros italianos entrou para a Guiness Book ao preparar o tiramisù mais longo do mundo, com 273,5 metros de comprimento. E a façanha impressiona não só pelo tamanho como também pela complexidade do doce, que não é uma receita tão simples de fazer. “Adoro tiramisù! Mas prefiro comer do que fazer”, brinca Federico Mariutti, chef-proprietário da osteria Turlonia, em Friuli-Venezia-Giulia.







Chef Federico Mariutti da osteria Turlonia. Divulgação.








Receita exige precisão e equilíbrio dos ingredientes






Trata-se de uma receita que demanda acurácia e precisão na dose dos ingredientes, como relata a italiana Simona Ferretti, chef-proprietária do restaurante Lasagna Tiramisù, na Bélgica: “O importante é que o doce apresente uma homogeneidade agradável ao paladar, equilibrando corretamente todos os ingredientes da receita, para que um item não se sobressaia ao outro”, ensina Simona, que também integra a Associação dos Cozinheiros Italianos na Bélgica, vinculada à FIC – Federazione Italiana Cuochi.






Chef Simona Ferretti, do restaurante Lasagna-Tiramisù, na Bélgica. Divulgação.







Ela participou recentemente de uma mesa redonda de discussão do Jardim Italiano sobre as tendências do tiramisù no mundo. Participaram também do debate Francesco Redi, CEO da Tiramisù World Cup, Andrea Mattana, vice-presidente da Tiramisù Academy e Gillo Brunisso, coordenador da unidade brasileira da Tiramisù Academy.






Em novembro, o Jardim Italiano promoveu mesa redonda para discutir as tendências do tiramisù no mundo. Créditos Gillo Brunisso.








Dicas como aquelas de Simona Ferretti poderão ser muito úteis no próximo domingo, 29 de novembro, para os participantes da Tiramisù Global Marathon, que vão preparar sua receita ao vivo, por plataforma digital. O evento contará também com a participação de chefs de cozinha e sommeliers, que darão dicas de harmonização de vinhos com sabores doces. A ideia é que, durante a maratona, os espectadores também possam conhecer um pouco mais sobre o universo do tiramisù, pela transmissão do Facebook. Renata Giuliani, chef-proprietária do Natural Café, em Curitiba, dará dicas de receita alternativa para o público com intolerância alimentar, substituindo alguns ingredientes do tiramisù por outros sem lactose nem glúten.










No exterior, primeira unidade da Tiramsiù Academy é brasileira







Curitiba é a primeira cidade do mundo a registrar uma unidade da Tiramisù Academy no exterior. Andrea Mattana, vice-presidente da instituição, está animado com a maratona e convida as empresas a participarem: “Trata-se de um evento de grande importância para o momento que vivemos. As empresas também podem participar fazendo doações ou, simplesmente, divulgando o evento em seu site e redes sociais”. As organizações interessadas em participar como patrocinadoras/parceiras da Tiramisù Global Marathon podem obter mais informações diretamente no site ou pelo e-mail.







Andrea Mattana, vice-presidente da Tiramisù Academy. Divulgação.









A Tiramisù Academy é uma instituição de promoção social, sem fins lucrativos, criada em 2019. Seu objetivo é resguardar a cultura gastronômica desse tradicional doce italiano, difundindo informações sobre sua origem, preparação e degustação. No ano passado, foi reconhecida legalmente na Itália como uma iniciativa que valoriza e aprimora a cultura veneziana no mundo. Seus associados têm acesso exclusivo a cursos de tiramisù com os campeões do mundo da TWC, entre outros benefícios.











Tiramisù Global Marathon







Quando:

Domingo 29 de novembro / Transmissão Brasil: das 10h às 11h (horário de Brasília)


Onde:

Evento digital, via streaming, transmitido por plataforma digital


Preço:

Gratuito


Inscrições e doações:


Parceria e patrocínio:

Site Tiramisù Global Marathon ou e-mail: brasil@tiramisuworldcup.com