Bocelli traz espetáculo "solar e positivo" para o Brasil






Porto Alegre, Brasília e São Paulo recebem o tenor italiano para concertos com a participação da cantora Maria Rita e outros convidados. Nesta entrevista exclusiva, Bocelli fala de sua ansiedade para se apresentar no país, da emoção por ter sua vida representada no cinema e dos segredos de seu sucesso

Texto: Roberta Gonçalves
Fotos: Gillo Brunisso /Divulgação




BRASIL, 21/09/2018

Esta semana, Andrea Bocelli aterrissa no Brasil para a turnê 2018, que celebra seus 60 anos de idade e 20 anos de lançamento do álbum “Romanza”, com edição remasterizada e duas versões especiais da música “Con Te Partiro” (“Time To Say Goodbye”). No Brasil, as exibições do tenor italiano serão regidas pelo maestro Eugene Kohn, com participação da soprano Larisa Martínez, da Orquestra Juvenil Heliópolis e do Coral da Gente, do Instituto Baccarell. Este ano, a artista brasileira convidada é Maria Rita, que estará presente em todos os shows, cantando também sucessos de seu repertório, como “Cara Valente”e “Coração a Batucar”. Com organização da Dançar Marketing e da Klassics Music Management, as apresentações serão realizadas em Porto Alegre (23 de setembro), Brasília (26 de setembro) e São Paulo (29 e 30 de setembro). Os ingressos custam a partir de R$125 (meia-entrada) e podem ser adquiridos pela Internet

Nesta entrevista exclusiva para o Jardim Italiano, o artista toscano conta sobre sua expectativa para se apresentar por aqui, fala do sucesso de sua carreira e da emoção por ter sua vida representada no longa “A música do silêncio” (La musica del silenzio). O premiado filme, lançado na Europa em 2017, é protagonizado por Toby Sebastian e conta com as participações estreladas de Antonio Banderas e Luisa Raniero, além de direção de Michael Radford. Voltando ao campo musical, Bocelli confessa sua admiração pela nova geração de artistas brasileiros e a vontade de trabalhar com um deles. Orgulhoso do trabalho da Fundação Andrea Bocelli, ressalta a importância da música e da educação para um mundo melhor e mais integrado.








"Gostaria de cantar ao lado de muita gente, inclusive, fazer música com essa nova geração de artistas brasileiros. Seria incrível”













Bocelli se apresenta com orquestra e coral em Praga, na República Tcheca - Créditos Gillo Brunisso


Jardim Italiano – O que o público brasileiro pode esperar das apresentações por aqui?

Andrea Bocelli

– Vamos apresentar um espetáculo solar e positivo, que proporcione um momento de celebração e paixão. A primeira parte apresentará um repertório lírico. Depois, dedicaremos um momento a romances populares e às músicas que o público espera ouvir da minha voz. Além de tudo, não faltarão surpresas.


JI – O tour 2018, que celebra seus 60 anos de idade e 20 anos do lançamento do álbum “Romanza”, já passou por cidades como Praga, na República Tcheca, e Berlim, na Alemanha, entre várias outras, sempre empolgando multidões. Por que acha que esse álbum faz tanto sucesso até hoje?

AB

– As canções de “Romanza” me acompanharam por mais de 20 anos e ainda não envelheceram. Parece que foram escritas ontem. No mundo pop, "Romanza" é o álbum que teve mais peso na minha trajetória. Foi o trampolim da minha carreira internacional e o disco mais vendido de todos os tempos por um artista italiano. Acho que é uma espécie de compêndio da minha história pessoal e artística, um pedaço do meu coração. Por isso que achei interessante, após duas décadas, apresentar novamente esse álbum. Nesse tour, temos a oportunidade de retomar os momentos mais intensos desses 20 anos.







JI – Em 2017, você gravou com o cantor britânico Ed Sheeran, cantando a música “Perfect”. Há previsão de novos duetos? Com quem?

Andrea Bocelli

– Faço dueto há muitos anos com meus colegas, e sempre aprendo algo com eles. Seja no gênero lírico ou no pop, cantar em dueto é uma das experiências mais intensas da minha profissão. Estamos programando um dueto realmente especial para este ano. São artistas importantes e muito populares. Gostaria de cantar ao lado de muita gente, inclusive, fazer música com essa nova geração de artistas brasileiros. Seria incrível.








Um episódio que me emocionou muito no filme "A música do silêncio" foi aquele em que meus pais tomaram a difícil decisão de me mandar para um colégio interno longe de casa, quando eu tinha 6 anos de idade










JI – Você já gravou nove óperas completas, dentre elas, La Bohème e Tosca. Suas apresentações costumam incluir árias de compositores como Giacomo Puccini e Giuseppe Verdi. Qual a parte que mais lhe encanta nas composições desses autores? Por quê?

Andrea Bocelli

– Puccini e Verdi fazem parte do meu repertório há muito tempo. É absolutamente impressionante o grande conhecimento que esses autores tinham da voz humana, incluindo suas variações tonais. Isso fica claro em suas composições. É preciso conhecer e respeitar tais características para interpretar corretamente essas obras.








Acredito que existe um projeto concebido para cada um. E cabe a nós identificar e honrar isso. O acaso não existe. Toda vida é uma história que responde a uma direção precisa.









O tenor italiano e a equipe da Fundação Andrea Bocelli participam da inauguração da Escola Santo Agostinho, em Laserengue, Haiti, em dezembro de 2017 - Créditos Luca Rossetti


JI – Como avalia o papel assistencial da Fundação Andrea Bocelli para as comunidades carentes no mundo? A fundação busca também revelar novos talentos na música?

Andrea Bocelli

– Estou convencido de que a educação (musical ou não) contribui para a realização da única grande revolução desejável e possível: a interior. A fundação – não só em países como o Haiti, mas também na Itália – faz a sua parte, desenvolvendo vários projetos educacionais. É importante dizer que arte e cultura são um direito humano. Acho que a música é a voz da alma: abre a mente e desenvolve o pensamento. Por isso, acreditamos que desenvolver a educação é a melhor forma de estimular a autoafirmação das pessoas e integrá-las às comunidades em que vivem.








Cerimônia de reabertura da escola G.Leopardi, em Sarnano, Itália, em maio de 2018. A Fundação Andrea Bocelli colaborou para a reconstrução após o terremoto de 2016 - Créditos Giacomo Moresi


JI – O filme “A música do silêncio” narra sua autobiografia e foi vencedor do “Capri Award – Biopic of the Year”, na 22a. edição do Capri, Hollywood – The International Film Festival. Como foi revisitar sua história no cinema?

Andrea Bocelli

– Esse filme foi baseado em um livro que escrevi muitos anos atrás. A transposição para o cinema foi uma experiência surreal. Um episódio que me emocionou muito foi aquele em que meus pais tomaram a difícil decisão de me mandar para um colégio interno longe de casa, quando eu tinha 6 anos de idade. Isso foi fundamental para que eu aprendesse a ler, a escrever e encarasse a vida de uma maneira melhor. O cinema tem sua própria linguagem, é mais conciso, diferente de um livro. Mesmo assim, dá para produzir adaptações preciosas, como essa que fizemos. Há uma mensagem muito importante nesse filme, principalmente, para os jovens: não há sonho impossível de alcançar. O essencial é acreditar em si mesmo, perseguir suas metas com humildade e disciplina. O meu projeto de vida, por exemplo, segue fundamentalmente uma mensagem de fé. Na verdade, acredito que existe um projeto concebido para cada um. E cabe a nós identificar e honrar isso. O acaso não existe. Toda vida é uma história que responde a uma direção precisa.








O ator Toby Sebastian protagoniza o filme “A música do silêncio”. Ele interpreta Amos Bardi, uma espécie de alter ego de Bocelli em seu romance autobiográfico - Créditos Luca Rossetti









Andrea Bocelli com Toby Sebastian e produtores do filme - Créditos Luca Rossetti








O filme “A música do silêncio” é uma autobiografia do tenor italiano, baseado em seu livro - Créditos Luca Rossetti


JI – Durante sua permanência no Brasil, pretende viajar para conhecer novos lugares por aqui? Quais?

Andrea Bocelli

– Poucos dias (mesmo se fossem semanas) não seriam suficientes para visitar uma terra tão grande como o Brasil. Mas, mesmo sem muito tempo, tenho certeza que terei experiências intensas (dentro e fora do palco). Por isso, estou ansioso para essa turnê.








ANDREA BOCELLI BRASIL TOUR 2018






Quando:

Domingo (23 de setembro), 20h, abertura dos portões às 16h


Local:

Estádio Beira-Rio: Av. Padre Cacique, 891, Porto Alegre


Preço:

A partir de R$150, pelo site uhuu.com












Quando:

Quarta-feira (26 de setembro), 20h, abertura dos portões às 16h


Local:

Estadio Nacional de Brasilia (Mané Garrincha): SRPN – Asa Norte, Brasília, DF


Preço:

A partir de R$125, pelos sites livepass.com.br ou tudus.com.br












Quando:

Sábado (29 de setembro), 21h, abertura dos portões às 17h


Quando:

Domingo (30 de setembro), 19h, abertura dos portões às 15h


Local:

Allianz Parque: Av. Francisco Matarazzo, 1705, Água Branca, São Paulo


Preço:

A partir de R$150, pelos sites tudus.com.br (29/09) e ingressorapido.com.br (30/09)